Espécie nativa da Amazônia pode virar biodiesel

Seg, 17 de Maio de 2010 16:08
AGÊNCIA AMAZÔNIA
E DANIELA COLLARES
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A palmácea macaúba, existente em estados da região, é considerada pela Embrapa Agroenergia estratégica para a produção de biocombustíveis no Brasil

BRASÍLIA – Palmeira nativa das florestas tropicais, a macaúba (Acrocomia aculeata), também conhecida por macaúva, coco-baboso ou coco-de-espinho, se constitui hoje uma nova alternativa de matéria-prima para a produção de biodiesel. A espécie grande dispersão no Brasil e em países vizinhos, entre os quais Colômbia, Bolívia e Paraguai. No Brasil, a macaúba é encontrada com facilidade em Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A planta também está sendo amplamente espalhada em áreas de Cerrado.

“É uma espécie de grande importância para a produção do biodiesel”, explica o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Leonardo Bhering. De acordo com Bhering, esta palmácea se destaca pelo seu potencial para a produção de grandes quantidades de óleo por unidade de área, além da possibilidade de utilização em sistemas agrossilvopastoris.

Existem vários relatos de utilização tradicional da macaúba como fonte de óleo para fins alimentícios, fabricação de sabões e queima para fins de iluminação e aquecimento.Essa palmeira apresenta significativo potencial de produção devido ao elevado teor de óleo e capacidade de adaptação a densas populações. As produtividades potenciais por área assemelham-se à do dendê, podendo chegar a mais de 4 mil quilos de óleo por hectare.

Cuidados com armazenamentos

O óleo extraído da polpa, com maior potencial para a fabricação de biodiesel, é dominado por ácido oléico (53%) e palmítico (19%) e tem boas características para o processamento industrial, mas apresenta sérios problemas de perda de qualidade com o armazenamento. “Assim como ocorre com o dendê, os frutos devem ser processados logo após a colheita, pois se degradam rapidamente, aumentando a acidez e prejudicando a produção do biocombustível. As tortas produzidas a partir do processamento da polpa e da amêndoa são aproveitáveis em rações animais com ótimas características nutricionais e boa palatabilidade”, destaca o pesquisador.

Bhering aconselha aos produtores se organizarem em associações ou cooperativas para a instalação de unidades de esmagamento das matérias-primas. O óleo vegetal extraído será transportado até a usina de biodiesel e a torta resultante da extração poderá ser aproveitada pelos próprios produtores das oleaginosas, tanto para alimentação animal quanto para a utilização como adubo.