Pesquisa na UFSJ pode transformar óleo de soja em biocombustível
julho de 2009
Um dos maiores focos do laboratório de pesquisa em Biocatalisadores e Química de Proteínas da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), instalado no Campus Centro Oeste Dona Lindu, em Divinópolis, está na área de biodiesel. Segundo o coordenador do setor, professor Saulo Luís da Silva, no momento os pesquisadores se debruçam sobre enzimas, isoladas de uma série de fungos amazônicos, a fim de descobrirem qual será a mais eficiente no processo de fabricação do combustível.
“A nossa dificuldade está em encontrar um biocatalisador reaproveitável que age sobre o óleo vegetal, produzindo, basicamente, biodiesel e glicerina pura, de uma forma mais limpa. O aproveitamento é de quase 100% do óleo”, explicou. De acordo com Saulo da Silva, este estudo deve demorar pelo menos cinco anos.
A pesquisa começou em outubro de 2008 e já recebeu verba tanto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), quanto da UFSJ, no valor de R$ 800 mil. “A ideia partiu da necessidade de se encontrar uma forma mais barata de se produzir o biodiesel. Atualmente, a fabricação do combustível apresenta um alto custo, pois se perde muita matéria prima em função da liberação de subprodutos como a glicerina e o sabão. Além disso, o resultado final apresenta muita sujeira. Portanto, gasta-se mais para purificar o biodiesel do que para produzi-lo”, ressaltou.
Protegendo a natureza
A cidade de Divinópolis, onde está o campus Dona Lindu, não tem um sistema de coleta e tratamento de esgoto eficiente que abranja todo o município. Assim como em São João del-Rei, onde os detritos são jogados diretamente na natureza. Com isso, os óleos seguem poluindo a rede fluvial das cidades.
O professor Saulo da Silva contou que os pesquisadores fizeram uma proposta à prefeitura de Divinópolis para que esta coletasse óleo usado nas residências e restaurantes da localidade e entregasse à Universidade. Este projeto, que se desenvolve independente do financiado pela Fapemig, primeiramente irá utilizar a forma convencional de produção de biodiesel. O combustível resultante poderá ser utilizado para movimentar a frota da administração municipal e do transporte urbano da cidade, podendo provocar o barateamento do preço da passagem e, certamente, poluindo menos o meio ambiente.
“Estamos em fase de implantação da proposta e a prefeitura se comprometeu a construir uma mini usina e a realizar a coleta do óleo. Em contrapartida, produziremos o biodiesel que será distribuído da maneira como o Poder Executivo achar melhor. Nesse momento, os estudos se concentram nos cálculos para saber quanto de óleo sujo precisaremos para produzir uma quantidade suficiente de combustível, que compense o investimento”, detalhou.
A vantagem do biodiesel é que ele provoca a diminuição do consumo do diesel proveniente do petróleo. “É uma grande economia e, ao mesmo tempo, impediríamos que o óleo residual, que não é biodegradável, fosse jogado nos rios. É uma forma de conscientização ambiental”, acredita.
Para finalizar, o coordenador do laboratório lembrou que o custo estimado de implantação da mini usina é de aproximadamente R$ 300 mil e, para que ela seja instalada em qualquer cidade, “basta apenas vontade política”, concluiu.