Fornecedor de cana diversifica produção
Marcelo Andriotti / Agência Anhangüera
(23/1/2008) - O preço da cana-de-açúcar para o produtor caiu 36% em 2007. O valor recebido pela tonelada produzida despencou de R$ 51,00 para R$ 35,00, causando prejuízos para os fornecedores de cana que gastam R$ 40,00 por tonelada. Para amenizar os prejuízos das oscilações do setor, agricultores buscam diversificação e novas formas de receita. Em Piracicaba, a Cooperativa dos Fornecedores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) está investindo para garantir aos associados lucros com a produção de carne, leite, soja e biodiesel.
Em abril, será inaugurada na cidade uma usina de biodiesel para receber soja dos cooperados. "Custará entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões e foi financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que entrou com 80%, e pela própria cooperativa", disse o presidente da Coplacana, José Coral.
A cana precisa ser renovada a cada cinco cortes e, por isso, os produtores costumam reservar 20% de suas terras a cada ano para interromper o plantio. A maioria das vezes, a terra fica sem cana de agosto a março do ano seguinte. A idéia é que nesse período seja plantada soja. Ela pode ser plantada e colhida no período, além de ajudar a recuperar a terra. "Ao invés de ficar esse tempo sem lucrar, o produtor pode ganhar plantando soja. Ela será usada para a produção do biodiesel na usina e o bagaço que sobra será usado para alimentar gado de corte e leiteiro", afirmou Coral. O grão da soja é moído para retirada do óleo e o bagaço tem alto valor nutricional.
No ano passado, a Coplacana assumiu o controle de uma usina de leite do município por 20 anos. Com isso, os plantadores de cana estão criando também gado leiteiro e abastecendo a usina, que pasteuriza, faz o envasamento e comercializa o leite. Esse gado poderá ser alimentado com a ração feita com bagaço da soja que sobra na usina de biodiesel, barateando a produção e aumentando o lucro.
Inicialmente, o biodiesel produzido na usina da cooperativa será utilizado pelos próprios cooperados em seus veículos e máquinas. Isso reduzirá os gastos com combustível e, futuramente, gerará um lucro extra. Quando a usina estiver funcionando plenamente, o excedente de combustível será comercializado.
Qualificação
Para melhorar a produtividade, os plantadores também estão investindo na qualificação profissional. A cooperativa participa da Universidade da Cana, um projeto da empresa de defensivos agrícolas FMC. Neste mês começaram as aulas da primeira turma, que reúne 50 engenheiros agrônomos.
O investimento da FMC para a universidade é de R$ 1,2 milhão por ano. A cooperativa cuida da infra-estrutura necessária. Os alunos têm alojamento e alimentação, com gastos cobertos pelo programa. Eles se dedicam exclusivamente ao curso, com aulas durante todo o dia.
Os alunos aprendem noções de planejamento, plantio e adubação, cultivo, colheita, além da fase industrial e de comercialização de açúcar, etanol e energia. Eles têm aulas sobre estratégias, mercado e gestão de pessoas. O objetivo é fazer o agrônomo se especializar no setor canavieiro, auxiliando todo o processo produtivo. "Eles estão com emprego garantido", afirmou Coral.
Dificuldades
O presidente da Coplacana, José Coral, disse que os fornecedores de cana estão enfrentando dificuldades. A queda no preço da tonelada de cana-de-açúcar é conseqüência do aumento da produção de cana e do dólar baixo. Com isso, o açúcar ficou mais barato no comércio internacional. "O fornecedor não consegue fechar suas contas. Ele está gastando mais do que recebe", afirmou Coral.
Apesar do preço ao produtor estar muito baixo, o consumidor continua pagando caro pelo álcool nos postos de combustível. Coral falou que a diferença entre o que o produtor recebe e o que o consumidor paga é muito alta. "Não queremos intervenção governamental, mas é preciso mais fiscalização para evitar distorções. Isso impede os produtores de pagar suas contas e financiar as próximas safras e fará o preço disparar futuramente", previu.
Com menor produção, o preço do álcool sobe, mesmo porque o consumo cresce sem parar por causa das vendas de carros bicombustíveis no Brasil. Coral alertou que existe até uma possibilidade pequena de redução do fornecimento na primeira metade deste ano, com aumento dos preços em breve. "Se o período de chuvas passar de abril, o que não é comum, pode haver falta do produto", declarou Coral. Isso poderia atrasar a safra e reduzir os estoques.
Fonte: Agência Anhangüera
(23/1/2008) - O preço da cana-de-açúcar para o produtor caiu 36% em 2007. O valor recebido pela tonelada produzida despencou de R$ 51,00 para R$ 35,00, causando prejuízos para os fornecedores de cana que gastam R$ 40,00 por tonelada. Para amenizar os prejuízos das oscilações do setor, agricultores buscam diversificação e novas formas de receita. Em Piracicaba, a Cooperativa dos Fornecedores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) está investindo para garantir aos associados lucros com a produção de carne, leite, soja e biodiesel.
Em abril, será inaugurada na cidade uma usina de biodiesel para receber soja dos cooperados. "Custará entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões e foi financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que entrou com 80%, e pela própria cooperativa", disse o presidente da Coplacana, José Coral.
A cana precisa ser renovada a cada cinco cortes e, por isso, os produtores costumam reservar 20% de suas terras a cada ano para interromper o plantio. A maioria das vezes, a terra fica sem cana de agosto a março do ano seguinte. A idéia é que nesse período seja plantada soja. Ela pode ser plantada e colhida no período, além de ajudar a recuperar a terra. "Ao invés de ficar esse tempo sem lucrar, o produtor pode ganhar plantando soja. Ela será usada para a produção do biodiesel na usina e o bagaço que sobra será usado para alimentar gado de corte e leiteiro", afirmou Coral. O grão da soja é moído para retirada do óleo e o bagaço tem alto valor nutricional.
No ano passado, a Coplacana assumiu o controle de uma usina de leite do município por 20 anos. Com isso, os plantadores de cana estão criando também gado leiteiro e abastecendo a usina, que pasteuriza, faz o envasamento e comercializa o leite. Esse gado poderá ser alimentado com a ração feita com bagaço da soja que sobra na usina de biodiesel, barateando a produção e aumentando o lucro.
Inicialmente, o biodiesel produzido na usina da cooperativa será utilizado pelos próprios cooperados em seus veículos e máquinas. Isso reduzirá os gastos com combustível e, futuramente, gerará um lucro extra. Quando a usina estiver funcionando plenamente, o excedente de combustível será comercializado.
Qualificação
Para melhorar a produtividade, os plantadores também estão investindo na qualificação profissional. A cooperativa participa da Universidade da Cana, um projeto da empresa de defensivos agrícolas FMC. Neste mês começaram as aulas da primeira turma, que reúne 50 engenheiros agrônomos.
O investimento da FMC para a universidade é de R$ 1,2 milhão por ano. A cooperativa cuida da infra-estrutura necessária. Os alunos têm alojamento e alimentação, com gastos cobertos pelo programa. Eles se dedicam exclusivamente ao curso, com aulas durante todo o dia.
Os alunos aprendem noções de planejamento, plantio e adubação, cultivo, colheita, além da fase industrial e de comercialização de açúcar, etanol e energia. Eles têm aulas sobre estratégias, mercado e gestão de pessoas. O objetivo é fazer o agrônomo se especializar no setor canavieiro, auxiliando todo o processo produtivo. "Eles estão com emprego garantido", afirmou Coral.
Dificuldades
O presidente da Coplacana, José Coral, disse que os fornecedores de cana estão enfrentando dificuldades. A queda no preço da tonelada de cana-de-açúcar é conseqüência do aumento da produção de cana e do dólar baixo. Com isso, o açúcar ficou mais barato no comércio internacional. "O fornecedor não consegue fechar suas contas. Ele está gastando mais do que recebe", afirmou Coral.
Apesar do preço ao produtor estar muito baixo, o consumidor continua pagando caro pelo álcool nos postos de combustível. Coral falou que a diferença entre o que o produtor recebe e o que o consumidor paga é muito alta. "Não queremos intervenção governamental, mas é preciso mais fiscalização para evitar distorções. Isso impede os produtores de pagar suas contas e financiar as próximas safras e fará o preço disparar futuramente", previu.
Com menor produção, o preço do álcool sobe, mesmo porque o consumo cresce sem parar por causa das vendas de carros bicombustíveis no Brasil. Coral alertou que existe até uma possibilidade pequena de redução do fornecimento na primeira metade deste ano, com aumento dos preços em breve. "Se o período de chuvas passar de abril, o que não é comum, pode haver falta do produto", declarou Coral. Isso poderia atrasar a safra e reduzir os estoques.
Fonte: Agência Anhangüera